Desobedecer é preciso

Desobedecer é preciso

Projetos indicados ao 3º Prêmio seLecT de Arte e Educação têm forte presença de mulheres e dominância de propostas não normativas

Os 23 selecionados do 3º Prêmio seLecT de Arte e Educação dão um recado ao País: a cultura resiste e se reinventa como frente disruptiva em contraposição a todas as formas de ignorância e desmonte institucional. Refletem a força dos corpos (e mentes) não normativos, colocando em pauta a diversidade racial e de gênero e a multiplicidade de vozes que emergem da complexidade territorial brasileira. 

São projetos que reinventam as matrizes africanas, as estéticas indígenas e as linguagens das pessoas com deficiências. Pela primeira vez, nas categorias Formador e Artista, a maioria dos projetos selecionados são de proponentes não brancos, com dominância de pretos (5), pardos (4) e indígenas (2). É notável também, entre esses selecionados, a forte presença das mulheres, especialmente na Categoria Formadores. 

Destaca-se, ainda, a preponderância de trabalhos feitos colaborativamente, em formatos auto-organizados, que evidenciam, por um lado, a desarticulação institucional e a debilidade das políticas públicas de arte e de educação e, por outro, a capacidade de mobilização do setor cultural nessas áreas. Em conjunto, todos se caracterizam por uma prerrogativa de tomar a arte como lugar da política e enunciam a desobediência como princípio de uma pedagogia da diferença. 

Os projetos indicados à premiação são fruto do trabalho do Júri composto pelo crítico e curador Moacir dos Anjos, a historiadora da arte, curadora e coordenadora de educação do Instituto Moreira Salles, Renata Bittencourt e a jornalista e curadora Luana Fortes, que analisou as propostas dos 689 inscritos nesta edição nas categorias Formador, Artista e Camisa Educação. A coordenação dos trabalhos foi feita por Giselle Beiguelman, presidente do Júri de Seleção e Premiação. A direção e curadoria do Prêmio seLecT de Arte e Educação é de Paula Alzugaray.A terceira edição do evento é patrocinada e co-realizada pelo Itaú Cultural, tem apoio da Galeria Almeida e Dale e parceria da Galeria A Gentil Carioca.  

Confira aqui a lista dos 23 projetos pré-selecionados.

ARTISTAS
Ana Emília Jung
Anápuáka Muniz Tupinambá Hã hã hãe
Andrea Veruska de Souza Araujo
Anne Magalhães
Antonio Tarsis de Jesus Miranda
Daniel Rodriguez Caballero
Gustavo Caboco
Micrópolis
Rafael Pagatini
Renata Aparecida Felinto dos Santos

CAMISA EDUCAÇÃO
Andréa Hygino Rodrigues da Silva
Luiza Coimbra Paranhos Cavalcanti de Paiva
Marcelo Drummond Lage

FORMADORES
André Vitor Brandão da Silva
Eduarda Gama Canto
Érika Lemos Pereira da Silva
Galeria REOCUPA
Janaína Castoldi
Lara Ovídio de Medeiros Rodrigues
Panmela Silva e Castro
Rúbia Mércia de Oliveira Medeiros
Tarcisio Almeida
Vicenta Perrotta Neto

Do letramento digital à pedagogia travesti

Do letramento digital à pedagogia travesti

2º Prêmio seLecT de Arte e Educação anuncia os 20 indicados desta edição

Giselle Beiguelman

Iniciativas independentes, práticas colaborativas, valorização das artes do corpo e a demanda por uma revisão dos eixos curriculares, incorporando novas perspectivas historiográficas e os saberes da cultura popular, marcaram a 2ª edição do Prêmio seLecT de Arte e Educação.

Destaca-se também, no conjunto de projetos inscritos, o aumento de propostas de educação ambiental, novas formas de problematizar o patrimônio histórico, iniciativas voltadas ao letramento digital e ações que radicalizam a compreensão das ideologias de gênero.

Os 20 projetos indicados ao Prêmio contemplam a diversidade das propostas inscritas, notabilizando-se por sua capacidade de transcender os modelos de educação formal, contemplando o público não como grupo de espectadores ou receptores de conteúdos, mas como atores de processos sistêmicos e abertos.

Indicados ao  2º Prêmio seLecT de Arte e Educação:

Categoria Artista

  1. A História da _rte, de Bruno Moreschi (São Paulo, SP)
  2. AEANFDC – Ambiente de Empretecimento da Arte Nacional a Favor da Descolonização Cultural, de Igi Ayedun (São Paulo, SP)
  3. Almofadas Pedagógicas, de Traplev (Recife, PE)
  4. Caderno de Campo, de Vânia Medeiros, (São Paulo, SP)
  5. CHÃO (Laboratório de Experiências Performáticas para Crianças do Meio Rural), de Ieltxu Ortueta (Cunha, SP)
  6. Erosão Diferencial – O museu como ateliê, de Marcelo Moscheta (Campinas, SP)
  7. Excursão Pajeú, de Cecília Andrade (Fortaleza, CE)
  8. Laçaço, de Regina Johas (Natal, RN)
  9. Lanchonete <> Lanchonete, de Thelma Vilas Boas (Rio de Janeiro, RJ)
  10. Ryzoma Pornoklasta, de Sue Nhamandu (São Paulo, SP)

Categoria Formador

  1. A Colaboradora, de Marilia Guarita (Santos, SP)
  2. Alucinações Parciais: exposição-escola com obras-primas modernas do Brasil e do Centre Pompidou, de Instituto Tomie Ohtake e Centre Pompidou (São Paulo, SP)
  3. Arte indígena na escola não indígena, de Tales Bedeschi Faria (Belo Horizonte, MG)
  4. Ateliê 397, de Thais Rivitti (São Paulo, SP)
  5. Cápsula, de Gabriel Menotti (Vitória, ES)
  6. Explode! 2017-2018, de João Simões e Cláudio Bueno (São Paulo, SP)
  7. II Bienal de Artes Ouvidor 63, de Moara Brasil Xavier da Silva (São Paulo, SP)
  8. MultiAteliê_arte e tecnologia, de Carmem Lúcia Altomar Mattos (Juiz de Fora, MG)
  9. No Ritmo da Aula, de Jodson do Nascimento Silva (Joul) (Diadema, SP)
  10. Programa de Arte Ambiental, de Maya Inbar (Rio de Janeiro, RJ)