Abaixo da média Instalação Dengo, de Ernesto Neto (Foto: Reprodução)

Abaixo da média

Que futuro podemos vislumbrar quando a principal avaliação da educação básica no mundo mostra que o Brasil está estagnado nas piores colocações do ranking?


Por Paula Alzugaray

 

Uma pesquisa divulgada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), na terça-feira 6/12, aponta que o Brasil ocupa, pela segunda vez consecutiva, o 65º lugar do ranking dos 70 países avaliados. Organizado pela OCDE (entidade que reúne os países desenvolvidos), o Pisa é o principal medidor de nível educacional do mundo, com resultados divulgados trienalmente, a partir de pesquisas aplicadas em alunos na faixa etária entre 15 e 16 anos. A atual edição do relatório mostra que o Brasil só supera a República Dominicana, a Argélia, o Kosovo, a Tunísia e a Macedônia.

Cerca de 24 mil estudantes de todo o País participaram da pesquisa, que avaliou o desempenho nas áreas de matemática, leitura e ciências, em 2015. Os resultados apontaram que, em matemática, o País ocupa a 65ª posição; em ciências está na 63ª posição; e, em leitura, acabou por obter o melhor resultado, o 59º lugar. As duas últimas disciplinas mantiveram suas posições estacionadas em relação à pesquisa de 2012, enquanto matemática caiu 14 pontos.

Longa estagnação
Entre 2009 e 2015, a média brasileira em matemática caiu de 391 para 377 pontos, enquanto a média dos países da OCDE na disciplina é de 490. Mais de 70% dos alunos brasileiros não conseguiram alcançar o segundo nível da prova de matemática, considerado básico para exercer a cidadania. Com esse resultado, o Brasil não fica desfavorecido apenas em relação aos países ditos desenvolvidos, mas é também superado por nações de contextos muito parecidos, como a Colômbia e o México.

Tão preocupante quanto é o fato de as médias em leitura estarem estagnadas há 15 anos. A estagnação em ciências ocorre desde 2006. Dos 27 estados da Federação, apenas o Amazonas e o Espírito Santo apresentaram médias superiores às edições anteriores.

De todos os jovens participantes da pesquisa, perto de 74% são alunos de escolas estaduais. Os alunos da rede particular de ensino apresentaram resultados superiores à média nacional, mas ainda pouco satisfatórios em relação às regiões desenvolvidas. Os números do Pisa 2015 são particularmente alarmantes, por não refletirem o suposto investimento no setor: em 12 anos o orçamento do MEC triplicou, atingindo a receita atual de R$ 130 bilhões. “O resultado mais esperado é o que virá na próxima edição, que refletirá o ajuste fiscal e os cortes na área”, diz Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ao jornal Folha de S.Paulo.

Devemos esperar de braços cruzados?

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