Membros do júri falam sobre particularidades das inscrições e chegam a 60 pré-selecionados
Confira a lista!
Paula Alzugaray e Giselle Beiguelman
Entre os mais de 500 inscritos na primeira edição do Prêmio seLecT de Arte e Educação tivemos boas surpresas e a confirmação de tristes realidades.
Entre as boas surpresas destaca-se o arco de abrangência das inscrições tanto do ponto de vista territorial, de Norte a Sul do Brasil, como temático.
Na categoria Artista, o Prêmio atingiu 44 cidades de 21 estados brasileiros. Na categoria Formador, constata-se uma diversidade ainda maior: 104 cidades de 18 estados. Escapando à previsibilidade das capitais e dos grandes centros urbanos, a edição inaugural contou com uma significativa presença de projetos de artistas vindos de cidades como Tangará da Serra (MT); Ipatinga (MG); São Gonçalo (RJ), Vassouras (RJ); Marechal Rondon (PR); Orleans (SC), Criciúma (SC), Itajaí (SC); Cabedelos (PB); Petrolina (PE), Lagoa dos Gatos (PE), Itambé (PE) e Aparecida de Goiania (DF), além de vários projetos do interior do Paraná e Manaus (AM).
Do ponto de vista temático, nota-se uma emergente e bem-vinda presença de projetos desenvolvidos, nos últimos dois anos, a partir da demanda e da necessidade do debate das questões das relações raciais e de gênero, a fim de dar legitimidade às Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornaram obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena no país.
É notável, também, o crescimento de ações e projetos criados em comunidades e nas periferias, fora dos circuitos tradicionais de arte e das instituições educacionais, que trazem abordagens artísticas inovadoras e outras potências para o campo da educação.
A presença de projetos pedagógicos integradores, relacionando a cidade, o meio ambiente, o patrimônio histórico e cultural e projetos voltados para a integração de minorias e deficientes também foram recorrentes.
Percebe-se, ainda, que o audiovisual e as artes do corpo estão hoje incorporadas às metodologias pedagógicas e difundidas entre escolas municipais e estaduais brasileiras.
A multiplicidade institucional das inscrições é outro ponto a destacar. Na categoria Formador, recebemos projetos provenientes de pequenas escolas municipais do interior do Brasil, de núcleos de pesquisa de importantes universidades do país, como a USP e UFF, e chegando até instituições de arte brasileiras internacionalmente reconhecidas, como o Instituto Inhotim e a Fundação Bienal de São Paulo.
Nas duas categorias, apareceram projetos de diversas escalas, voltadas para a mobilização de comunidades inteiras ou de uma sala de aula. Na sua diversidade, mostrando “muita vontade de conexão”, como aponta o educador Paulo Portella, integrante do júri de seleção.
Chamou a atenção, também, que há uma tendência à formação de redes e de equipes multidisciplinares para projetos colaborativos e de co-autoria, na interseção entre diferentes áreas do saber, fomentando múltiplos pontos de vista.
Entre as citações mais constantes, sobre o trabalho em arte e educação, a abordagem triangular (fazer, ler e contextualizar) de Ana Mae Barbosa e textos do filósofo francês Jacques Rancière são as referências centrais.
Triste realidade
Em muitos casos, o escopo dos projetos evidencia que a arte ainda é vista como forma de diversão ou desenvolvimento de auto-estima.
Salta à vista a coragem e a quantidade de iniciativas pessoais em ambientes de descaso. Elas evidenciam a dimensão de desvalorização da disciplina de artes pelo Estado e a carência de políticas públicas nas áreas de arte e educação.
Confira a lista dos proponentes pré-selecionados: