Da cultura gamer às artes do corpo

Da cultura gamer às artes do corpo

Conheça os dez finalistas do Prêmio seLecT de Arte e Educação, que se destacam pela variedade de linguagens e metodologias pedagógicas que suas propostas trazem

Da Redação

Para a Comissão de Premiação da primeira edição do Prêmio seLecT de Arte e Educação, a tarefa de selecionar dez finalistas dentre 60 pré-selecionados foi produtiva, porém extremamente trabalhosa. O júri, presidido por Giselle Beiguelman e formado por Regina Silveira, Rosa Iavelberg, Cayo Honorato e Thiago Honório, coligiu pelo seu interesse em pesquisar as relações entre arte e educação, a fim de escolher quem apresentará seu trabalho no Seminário de Arte e Educação, que acontece nos dias 3, 4 e 6 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo.

A artista Giselle Beiguelman, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e presidente do Júri, destaca, na seleção dos dez finalistas, a variedade de linguagens e metodologias pedagógicas que suas propostas trazem. Elas vão de estratégias que incorporam a cultura gamer e o repertório dos fãs dos alunos a novas abordagens das culturas indígenas na educação artística, para muito além do folclorismo e das datas comemorativas. Há nessa seleção propostas e ações voltadas às artes do corpo, às crianças e aos deficientes visuais.

Há projetos desenvolvidos em pequenas cidades no interior do Brasil de forma independente, dentro de escolas públicas e apresentados na Bienal de São Paulo. O arco territorial e institucional que eles recobrem é bastante múltiplo. É notável também a forte presença do ensino público e de resultados de editais públicos e de pesquisas realizadas nas universidades brasileiras entre os projetos e ações dos finalistas.

“Esse conjunto, bem como sua incontestável qualidade, deveria funcionar como um alerta para nossos atuais governantes”, afirma Giselle Beiguelman. “São o indicador preciso do porquê não se pode simplesmente decretar ‘congelamentos’ da cultura, cortes de seus minguados orçamentos e suspensões sistemáticas das poucas bolsas que existem no Brasil.”

Com o patrocínio do Centro Cultural Banco do Brasil e da Minalba, e apoio da Galeria Almeida & Dale, a iniciativa do Prêmio de Arte e Educação mostrou-se, para todos os membros do júri, fundamental diante de um campo em que os reconhecimentos são tão escassos. “Houve uma confluência de diferentes pontos de vista, para que tivéssemos um olhar que não era parcial. As pessoas, inclusive, abriam mão quando tinham uma posição muito diferente da maioria. Existiu muito respeito à opinião diferente”, diz a pesquisadora Rosa Iavelberg, professora da Graduação e Pós-graduação do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da USP. Dessa maneira, o diálogo entre os membros do júri foi importante não só para a seleção de trabalhos, mas também para a própria aprendizagem entre os colegas. “Aprendi muito com esses parceiros”, completa.

Para Cayo Honorato, professor-adjunto no Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UnB, “foi curioso pensar como as categorias, artista e formador, em algum momento se misturam”, assim como também chamou sua atenção uma nova política de autoria por trás dos trabalhos. “Embora eles sejam propostos por um representante, os projetos foram elaborados por coletivos ou em parceria com instituições”, aponta. “O Prêmio ajuda a elaborar como se dão essas relações”, diz.

Questões como essas, relevantes dentro do escopo das duas áreas cobertas pelo Prêmio, serão aprofundadas e debatidas no Seminário de Arte e Educação. No final, em cerimônia de Premiação no sábado 6, os dois vencedores das categorias Formador e Artista serão revelados. Conheça aqui os dez projetos finalistas nas duas categorias.

Categoria FORMADOR

Bruno Vilela de Oliveira (MG), com o Espaço Cultural Área Criativa, construído em Pedra Azul como meio de troca e produção simbólica que fortaleça a identidade e a cultura local, criando outros imaginários sobre o Sertão de Minas.

– Claudio Pereira Bueno (SP), com Intervalo-Escola, plataforma experimental prática e reflexiva que mapeia, desenvolve e experimenta modelos de aprendizagem em/contra/sobre/a partir do campo da arte.

– Graziela Kunsch (SP), com Respostas Inesperadas, pensamento e prática como professora e enquanto responsável pela formação de público no projeto Vila Itororó Canteiro Aberto.

– Jayse Antonio da Silva Ferreira (PE), com Curta este CURTA, produção de filmes com participação de alunos do ensino médio, a partir de seus próprios interesses.

– Lisette Lagnado (RJ), com Curador Visitante, projeto que convida curadores em desenvolvimento para montar exposição no Parque Lage, no Rio de Janeiro, cujo tema é tratado em curso gratuito de dois meses.

Categoria ARTISTA

Annamaria Noêmia Lopes Xavier (SP), com o trabalho A Poética dos Encontros, realizado a partir de encontros com deficientes visuais no Instituto Cegos Padre Chico.

Cristiana Gimenes Parada dos Santos (SP), com Passa Lá em Casa, mostra de teatro em residências na favela Paraisópolis.

Jorge Mascarenhas Menna Barreto (RJ), com RESTAURO – Escultura Ambiental, criação de um sistema articulado a partir de um restaurante-obra na 32a Bienal de São Paulo.

Marcela Rosenburg Figueiredo (MG), representando o coletivo Micrópolis, com #L00KB00K, um conjunto de quatro publicações realizadas com o grupo que ocupa o entorno do MAM-SP.

Sheilla Patrícia Dias de Sousa (PR), representante do coletivo Kókir, com Fome de Mistura, ações colaborativas entre universitários indígenas, estudantes do curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Maringá (PR), a Associação Indigenista de Maringá (Assindi), escolas públicas e privadas, crianças e artesãos indígenas.