Prêmio seLecT anuncia os finalistas

Prêmio seLecT anuncia os finalistas

Educar para e com diversidade

Os finalistas do2º Prêmio seLecT de Arte e Educação destacam em suas propostas novas abordagens das questões de gênero e da cultura indígena nas escolas e no cotidiano. Apontam para a urgência de pensar as relações com o meio ambiente, privilegiando um olhar para a diversidade e a experiência do compartilhamento, e propõem interlocuções mais fluidas entre o público e as instituições, alterando as formas de circulação e experimentação dos espaços.

Os finalistas participam de um Seminário no CCBB Brasília, onde apresentam seus trabalhos para o Júri e debatem com o público.

Os premiados serão anunciados no dia 12.

Serviço
Seminário de Arte e Educação
11 e 12/9
CCBB-DF
SCES, Trecho 02, lote 22 – Distrito Federal
culturabancodobrasil.com.br

Conheça os finalistas:

Categoria Artista

  1. A História da _rte, de Bruno Moreschi (São Paulo, SP)
  2. Excursão Pajeú, de Cecília Andrade (Fortaleza, CE)
  3. Ryzoma Pornoklasta, de Sue Nhamandu (São Paulo, SP)

Categoria Formador

  1. Alucinações Parciais: exposição-escola com obras-primas modernas do Brasil e do Centre Pompidou, de Instituto Tomie Ohtake e Centre Pompidou (São Paulo, SP)
  2. Programa de Arte Ambiental, de Maya Inbar (Rio de Janeiro, RJ)
  3. Arte indígena na escola não indígena, de Tales Bedeschi Faria (Belo Horizonte, MG)

 

Enterradas vivas: estratégias neoliberais Estudantes marcham em São Paulo, aos gritos de “Não tem reforma, vai ter luta!”, contra a reforma do Ensino Médio, em 2016 (Foto: Agência Brasil)

Enterradas vivas: estratégias neoliberais

Cursos de ensino superior de arte e design desaparecem sob a lógica de que a oferta educacional é um produto e o público, consumidor

Mirtes Marins de Oliveira

Desde 2009, quando do início de descontinuidade das ações de um mestrado em Moda na cidade de São Paulo, verifica-se que, de forma sistemática, algumas Instituições de Ensino Superior (IES) optaram por encerrar a oferta de cursos no campo da arte e do design. Uso a palavra descontinuidade por tê-la escutado várias vezes em processos que acompanhei de perto. Seu uso tem uma função apaziguadora de professores e alunos, embutindo, por parte das IES, morte lenta ao processo de fechamento desses cursos, uma exigência da legislação que prevê que os alunos já matriculados devam ser atendidos até o final do curso.

Quase dez anos depois, e com o acúmulo de outros casos, é necessário levantar hipóteses sobre possíveis causas dessa situação: seria um ataque deliberado das instituições educacionais especificamente ao campo artístico, histórica e supostamente considerado criativo, crítico e inovador?

Para tentar estabelecer outros vínculos, aproveito informações concedidas pela Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas (Anpap), que fornece os dados consolidados do Cadastro do e-MEC de Instituições e Cursos de Educação Superior de 2015 para a área de artes visuais. Naquele ano, o documento aponta para a descontinuidade ou fechamento total de cerca de 28% dos cursos de bacharelado e 20% das licenciaturas – presenciais e a distância – em Artes Visuais (e cursos afins como Arte e Moda ou Arte com Habilitação em Figurino e Indumentária) no Brasil, incluindo nessa contabilidade iniciativas de IES particulares, públicas e comunitárias. No mesmo documento referente ao ano de 2016, dos 367 cursos oferecidos no segmento Artes Visuais, 17 estão em processo de descredenciamento solicitado pelas próprias instituições.

Mas seria essa situação circunscrita à área artística? Como confrontá-la com a profissionalização visível e a consolidação de um circuito artístico em algumas regiões do Brasil nas últimas décadas? Essa relação – entre fechamento de cursos em nível superior de Artes e o circuito – pode ser estabelecida de forma tão direta? Haveria um desmonte, que seria no campo cultural ou educacional? Ou ambos? Haveria uma conexão com o contexto internacional? Não é possível compreender essa operação sem considerar que se fala de um sistema educacional cujos alvos não seriam apenas os cursos de Arte, mas, aparentemente, as Humanidades de maneira geral.

Descontinuidades
Depois de alguns anos nos quais o foco desse sistema foi a expansão da educação superior no Brasil através de políticas de acesso e apoio às instituições por meio do oferecimento de cursos a distância, das políticas de cotas, do Programa de Financiamento Estudantil (Fies), do Programa Universidade para Todos (ProUni), do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), verifica-se a descontinuidade também desses processos. Apesar dessa entrada por meio do ensino superior, uma visada mais ampla permite observar que esse novo desenho não se restringe nesse nível, mas é possível observá-lo em outras instâncias. Assim, é possível compreender a nova versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino médio a partir das descontinuidades, específicas no que diz respeito ao ensino de Artes e Humanidades, já que o documento prevê que apenas as áreas de linguagens e matemática devem ser ofertadas de forma obrigatória nos três anos do ensino médio.

Falar em sistema, no caso da arte e da educação, implica uma percepção local e global. Também em 2015, The Guardian publicou um artigo de Suzanne Moore, Our art schools have become finishing schools for a wealthy few, no qual tratava dos protestos e ocupações na Central St. Martins protagonizados por alunos de artes. Moore apontava para a abrangência desses protestos – com ecos internacionais – que chamavam atenção para cortes financeiros nos cursos daquela fundação. Sua avaliação, conforme indica o título da matéria, era a de que as escolas de arte se tornariam restritas e abertas apenas para aqueles que pudessem pagar por essa educação. Segundo a autora, a base dessa premissa é a de que arte é um luxo e, portanto, não mereceria financiamento público.

Certamente, os artistas de Arts & Crafts (do século 19) e Bauhaus (no século 20), para considerar apenas uma visada europeia, reviraram-se nos túmulos com essa formulação simplista e limitada. Mas também não é essa uma formulação que circula atualmente pelas mídias diversas sobre o papel da arte nas sociedades? Faz muito sentido buscar essa redefinição do que é arte com a finalidade de (re)encaixá-la na categoria luxo, quando se trata de, com essa operação, reduzir preocupações e, principalmente, gastos. Mas, se Arts & Crafts e Bauhaus tentaram articular inovação, criatividade e pensamento crítico (o que se espera de um ensino em Arte e Humanidades) em diálogo com o capital, o que dizer das inúmeras experiências em arte e design que buscam a experimentação? Enterradas vivas, operam nas instâncias periféricas e permanecem, portanto, sem fomento para desenvolvimento e sustentação.

De qualquer forma, urge pensar, debater e duvidar das descontinuidades, mas a pauta necessária como pano de fundo é discutir a função social da arte e também da educação. Ambas consideradas e apoiadas não apenas em nível superior ou de pesquisa, mas também como fundamento desde os primeiros anos escolares. Arte e educação para artistas e para todos. Mas estaria essa questão no horizonte do circuito artístico para além do número de passantes em catracas, que, muitas vezes, considera a oferta educacional um produto e o público, consumidor, delineado pela cada vez mais frequente atuação do departamento de marketing, que agora passa a fornecer diretrizes para as atividades educacionais. Essa constatação pode ser observada de outro ângulo: significa que certa produção artística (e sua educação correspondente) mantém-se desejável, porque inserida na lógica monetária.

Assim, o que não pode ser transmutado rapidamente nessa ordem deve ser descartado e desqualificado porque não merecedor de atenção, estímulo, investimento. Estendida para o campo ampliado das Humanidades (se ficarmos a penas no âmbito da Universidade), talvez seja possível concluir que as descontinuidades não têm como alvo o exercício do pensamento crítico, mas são resultado da incapacidade do campo de, em curto espaço de tempo, se transformar em moeda. 

Do letramento digital à pedagogia travesti

Do letramento digital à pedagogia travesti

2º Prêmio seLecT de Arte e Educação anuncia os 20 indicados desta edição

Giselle Beiguelman

Iniciativas independentes, práticas colaborativas, valorização das artes do corpo e a demanda por uma revisão dos eixos curriculares, incorporando novas perspectivas historiográficas e os saberes da cultura popular, marcaram a 2ª edição do Prêmio seLecT de Arte e Educação.

Destaca-se também, no conjunto de projetos inscritos, o aumento de propostas de educação ambiental, novas formas de problematizar o patrimônio histórico, iniciativas voltadas ao letramento digital e ações que radicalizam a compreensão das ideologias de gênero.

Os 20 projetos indicados ao Prêmio contemplam a diversidade das propostas inscritas, notabilizando-se por sua capacidade de transcender os modelos de educação formal, contemplando o público não como grupo de espectadores ou receptores de conteúdos, mas como atores de processos sistêmicos e abertos.

Indicados ao  2º Prêmio seLecT de Arte e Educação:

Categoria Artista

  1. A História da _rte, de Bruno Moreschi (São Paulo, SP)
  2. AEANFDC – Ambiente de Empretecimento da Arte Nacional a Favor da Descolonização Cultural, de Igi Ayedun (São Paulo, SP)
  3. Almofadas Pedagógicas, de Traplev (Recife, PE)
  4. Caderno de Campo, de Vânia Medeiros, (São Paulo, SP)
  5. CHÃO (Laboratório de Experiências Performáticas para Crianças do Meio Rural), de Ieltxu Ortueta (Cunha, SP)
  6. Erosão Diferencial – O museu como ateliê, de Marcelo Moscheta (Campinas, SP)
  7. Excursão Pajeú, de Cecília Andrade (Fortaleza, CE)
  8. Laçaço, de Regina Johas (Natal, RN)
  9. Lanchonete <> Lanchonete, de Thelma Vilas Boas (Rio de Janeiro, RJ)
  10. Ryzoma Pornoklasta, de Sue Nhamandu (São Paulo, SP)

Categoria Formador

  1. A Colaboradora, de Marilia Guarita (Santos, SP)
  2. Alucinações Parciais: exposição-escola com obras-primas modernas do Brasil e do Centre Pompidou, de Instituto Tomie Ohtake e Centre Pompidou (São Paulo, SP)
  3. Arte indígena na escola não indígena, de Tales Bedeschi Faria (Belo Horizonte, MG)
  4. Ateliê 397, de Thais Rivitti (São Paulo, SP)
  5. Cápsula, de Gabriel Menotti (Vitória, ES)
  6. Explode! 2017-2018, de João Simões e Cláudio Bueno (São Paulo, SP)
  7. II Bienal de Artes Ouvidor 63, de Moara Brasil Xavier da Silva (São Paulo, SP)
  8. MultiAteliê_arte e tecnologia, de Carmem Lúcia Altomar Mattos (Juiz de Fora, MG)
  9. No Ritmo da Aula, de Jodson do Nascimento Silva (Joul) (Diadema, SP)
  10. Programa de Arte Ambiental, de Maya Inbar (Rio de Janeiro, RJ)
Camisa Educação do Prêmio seLecT Arara com diferentes edições da Camisa Educação (Fotos: Cortesia A Gentil Carioca)

Camisa Educação do Prêmio seLecT

Um dos seis finalistas do 2º Prêmio seLecT poderá participar do projeto Camisa Educação da A Gentil Carioca

Nos dias 11 e 12 de setembro acontece o Seminário da nova edição do Prêmio seLecT de Arte e Educação no CCBB de Brasília. Ao longo dos dois dias, os finalistas das categorias Artista e Formador apresentarão ao público e ao júri seus projetos, concorrendo a prêmios de R$ 20 mil. A partir de uma parceria com a galeria A Gentil Carioca, um desses seis finalistas também será convidado a participar do projeto Camisa Educação.

O Camisa Educação acontece desde 2005. A cada nova exposição da A Gentil Carioca, um artista é convidado a criar uma camiseta que inclua a palavra Educação. Já foram realizadas 79 edições do projeto, que envolveu artistas como Ana Tavares, Arjan Martins, Barrão, Cabelo, Cinthia Marcelle, Ernesto Neto, Laura Belém e Laura Lima.

No dia da premiação dos vencedores do 2º Prêmio seLecT, todos os finalistas e membros do júri ganharão camisetas produzidas por outros artistas. Um finalista será selecionado para poder participar do projeto e criar uma nova edição da camiseta, que será produzida pela A Gentil Carioca e lançada no Abre Alas 2019, exposição de novos artistas da galeria.

 

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