Estrutura tecnológica de pensamento Fenster (Ventana/Window, 2001-2002/2010), de Luis Camnitzer (Foto: Cortesia Alexander Gray Associates, Nova York)

Estrutura tecnológica de pensamento

Curso de pós-graduação da FAAP propõe novos modelos para pensar o ensino

Por Luana Fortes

Como pensar processos de formação em um universo digital? De acordo com a professora e doutora Suzana Torres, não se trata apenas de usar a tecnologia como ferramenta na sala de aula, mas sim de pensar em uma estrutura tecnológica de pensamento. É a partir desse desafio que ela montou, e agora coordena, Docência e Educação na Contemporaneidade, apenas um dos vários novos cursos de pós-graduação que a FAAP passa a oferecer em 2017.

Torres acredita que a formação da grande maioria dos professores não é suficiente para fazer da sala de aula um espaço efetivo de aproximação, troca e construção. Por esse motivo, um curso de especialização mostra-se necessário. Causa estranhamento à professora que algumas práticas de ensino usadas hoje foram construídas quando a sociedade ainda era de tradição e cultura oral. Já se foram os tempos de ba be bi bo bu. Hoje, a cultura é digital. “Pensar o cenário atual é pensar em redes, conexões e imagens. É tirar o foco no ensino e colocá-lo na aprendizagem”, diz a professora à seLecT. Docência e Educação na Contemporaneidade, então, oferece um espaço para a proposição de outros desenhos, pois o atual é resultado de opções históricas que podem ser repensadas. “Às vezes, o professor nem quer ensinar de determinada forma, mas ele ainda não sabe fazer de outra”, pondera.

O curso é encabeçado pela Faculdade de Artes Plásticas da instituição, mas, pensando a educação como multidisciplinar e algo de comprometimento coletivo, não se destina exclusivamente para professores de áreas culturais. Ele traz à tona as possíveis contribuições que a arte pode trazer para a educação diante de uma solicitação de nível bem ampla, destinada a profissionais de diferentes graus de ensino, assim como aqueles que pretendem estar envolvidos com a educação apenas no futuro. Inclusive, esse é o ponto de partida do programa, que se inicia pensando a respeito daquilo que move e orienta os próprios estudantes do curso.

A oportunidade de montar essa pós-graduação também serve como pontapé para novas ações ao redor do mesmo assunto. É o caso da palestra Como se Ensina a Estudar: Uma Tarefa de Toda a Comunidade Escolar, ministrada por uma das professoras que compõe o corpo docente do curso, Walkiria de Oliveira, em 6/3, às 21h30.